domingo, 14 de outubro de 2012

As coisas antigas eram melhores?

A tendência do ser humano nesse século é cultuar o passado. Valorizamos cada vez mais as coisas que tínhamos no passado em detrimento do que nos é oferecido no presente.


Será que estamos ficando doentes? Ou o que temos hoje não passa de bobagem e produtos de qualidade baixa para subtrair nosso tempo e dinheiro?

A nostalgia e o culto ao passado

Basta acessar o Youtube e navegar em alguns vídeos para logo perceber a quantidade de vídeos sobre nostalgia que saltam aos olhos. Músicas antigas, jogos antigos, canais antigos, desenhos, brinquedos e por aí vai. Cada vez mais a internet é rodeada de pessoas que resgatam o passado e as coisas que tinham em outros tempos.
E isso parece não ser algo exclusivo das novas gerações. Muitos bares e lojas investem em decorações retrô e até mesmo em objetos de várias décadas atrás, como máquinas de escrever e outros utensílios do século 19 e 20.
Não é dificil também conhecer gente disposta a provar que os carros, televisores, utensílios domésticos ou o que quer que seja, eram melhores antigamente. Mas a pergunta é: estão fora da razão?

As próprias empresas tentam "inovar com o velho":

Não é de hoje que as produtoras de jogos estão se apoiando cada vez mais em resgatar velhos (ou nem tanto) jogadores. Seriam estes players os fissurados da década de 90 que tiveram contato com a maior parte dos melhores games da história.
Essa geração, a qual tenho orgulho de fazer parte, puderam experimentar desde os consoles mais vetustos da década de 70, 80 como o Atari 2600 (que até 90 era vendido no Brasil), passando pelos gloriosos NES, Master System e Mega Drive, iniciando a década com o triunfante Super Nintendo.
Mesmo hoje, cerca de 20 anos depois dos grandes lançamentos do Super Nintendo, pessoas se reunem pelo mundo com o fim de reviver aquelas emoções antigas, de uma época em bugs em jogos, controles com uma pegada ruim e ter que "assoprar as fitas" não era visto como um problema, tudo fazia parte daquela mística.
É dificil de analisar a nostalgia por si só, tentar encontrar uma explicação ou tentar desminti-la. É um sentimento parecido com a saudade, porém ao mesmo tempo muito diverso... pois a nostalgia nos permite esquecer temporiamente (até por anos) muitas coisas, mas ao entrar em contato com elas, tudo retorna à mente e completa as lembranças.
Não vou tratar aqui da questão técnica ou pior, da discussão entre diferença de bits, de 2d para 3d, nada disso. Até porque não é uma discussão, é apenas questão de relembrar, de se sentir bem voltando às origens, a infância. Quando digo infância aqui, me refiro basicamente à minha própria história, pois muitos que hoje colecionam e continuam jogando aqueles games clássicos, já tinham 20 ou 30 anos na época.

Um ramo lucrativo e atual

As empresas citadas acima do ramo de tecnologia são muito espertas e embarcar nessa novo tendência. É a oportunidade de resgatar consumidores que não conseguem se contentar com o que é oferecido hoje em dia. Em 2012 filmes de sucesso na décade de 60, 70 e noventa retornarão aos cinemas, com a desculpa da remasterização e da transformação em 3D.
Titanic que não é tão velho assim foi um dos primeiros a embarcar nessa onda, faturando mais alguns milhões de dólares para sua conta. Os próximos e não menos importantes a entrar nessa é a série clássica de Star Wars, que voltará aos cinemas com versões 3D desde a primeira até a sexta longa metragens.

A televisão antes e agora

Aqui no eXorbeo vivo chamando a atenção para a queda de qualidade dos canais na TV paga. Cada vez mais temos menos conteúdo e menos canais específicos. Todos tentam sobreviver em meio a concorrência diversificando a programação, aproximando-se no que temos na TV aberta por exemplo.
Infelizmente o fazem muito mal. Os brasileiros que só agora puderam ter acesso à tv fechada se deparam com umas das piores fases. São muitos canais que trazem muito pouco em termos de variedade. Não há boas opções e conteúdo é bastante restrito para a maioria dos públicos.
Infelizmente seu crescimento se deve única e exclusivamente ao fato da TV aberta ter se tornado tão ruim e o brasileiro ter atingindo uma condição melhor de vida em termos financeiros.

Antes as coisas eram melhores?

Bem, em termos gerais os carros eram mais resistentes, os canais de televisão traziam mais conteúdo e de melhor qualidade, os jogos primavam pela diversão e não por aspectos técnicos, o futebol não girava em torno apenas do dinheiro e dos patrocinadores... mas em contrapartida, no caso dos carros resistência nem sempre significou segurança, a televisão é relativamente mais barata e acessível se comparada ao salário mínimo atual e o do início da década passada, os jogos estão mais reais e hoje são lançados em nossa língua, o futebol se tornou mundial e os estádios evoluíram tornando-se mais seguros e confortáveis.
Existem prós e contras, mas o que quero chamar atenção antes do último tópico é o seguinte: não seríamos nós os culpados pelo conteúdo de má qualidade oferecido?

Os culpados: nós

Já ouviu falar da lei da oferta e da procura? ou da famosa expressão: cada um tem o que merece? Pois é. O mercado é dinâmico e precisa lucrar. Se o lucro depende das vendas, e as vendas depende de quem  tem interesse em comprar, logo encontramos um grande responsável pelo problema da falta de qualidade do que é oferecido hoje em dia.
Se o brasileiro tivesse desenvolvido um senso crítico maior e uma vontade de reagir frente as porcarias que nos empurram goela abaixo, não teríamos os mais altos impostos, juros, corrupção, preços de vestuário e eletroeletrônicos do mundo.
Vendem para nós apenas o que resolvemos comprar. Os automóveis são os mais caros que existem, mas ao invés de reclamarmos disso, resolvemos passivamente trabalhar mais para poder pagar mais. E assim segue, e quem ganha é apenas quem oferece, pois pega nosso valorizado dinheiro para viver em outros países, com melhor qualidade de vida por um custo muito menor.
Chegamos então ao extremo de ter que voltar ao passado atrás de qualidade... é no mínimo uma aberração. Temos mais tecnologia, mais conhecimento e mais recursos para melhorar cada vez mais, e não deixar tudo o que era bom pior na busca cega por lucros.
É uma coisa muito grave que poucos se atrevem a assumir e pensar...

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